terça-feira, 1 de novembro de 2011

...
E queria me rasgar, dilacerar, virar do avesso, ser!

Ser visceral...

E me mostrar inteira, e mesmo que por berros todos fossem acordados por tamanha aberração sentida e denunciada...

Depois do espanto, amada!
 ...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

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E marejados, os olhos
no reflexo do outro,
Nevavam...

Lágrimas e sangue escorriam nas
brancas
mãos...

E no entanto...
no entanto,

O coração arrancado
Ainda pulsava na mesma
fria mão...
 
 ...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


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Ouvia-se o eco de lamento de uma alma que já não mais suportava o frio que a corroía,
e junto o corpo ardia...
Cada parte do corpo pulsava, latejava; doía!
Mesmo tremula diante do vulcão que a abraçou, 
não titubeou: 
se entregou! 
E entre lavas, aquecida...
gozou!
...
 


sábado, 27 de agosto de 2011

A busca como 'objeto'...


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Toda esta incessante busca de por mar ou terra buscar no outro encontrar tal oásis de paz e re/pousar; sentir, ouvir e escutar.

Abraçar outras dores, soprá-las, fazerem-nas voar... Sonhar! Crer no bem e sê-lo também!

Abraçar os sonhos e senti-los; sabê-los reais; mesmo que se desfaçam como quimeras que eram; não importa! 

O amor é esta busca, este encontrar; até mesmo o desencontro que nos move e nos faz acreditar!

O amor é ser que em tudo está e, no entanto, ansiamos buscar...'

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(Estas linhas foram inspiradas pelo desafio lançado pela Tv Cultura em sua promoção: http://cmais.com.br/qual-e-a-sua-definicao-de-amor da qual fiz questão de participar...)




sábado, 30 de julho de 2011



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Sufocava...

Afogara-se...

Talvez, no fundo do mar, dormente...

Não se sabia a pobre demente até se ver como pesca em desespero pescada!

Acordada; viu-se por rede emaranhada...

Resgatada!

Não entendia...

Assustou-se!

Debateu-se...

Cansou!

Entregou-se...

Enfim, respirou!

Entendeu...

Ressuscitou nos braços de um novo amor...

Suspirou!

...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Encegue/sendo...

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E são tantos os mistérios...

E há tanta magia na vida!

E tantos a passear por ela devagar ou com pressa que sequer conseguem ouvir os ecos que dentro deles alertam para o sentir... E divagar...

E tudo... Tudo mesmo pode em minutos mudar o sentido; re/ver/ter os sentidos dos sentidos...



E quem sabe, se se deixarmos de tentar entender sem ver... Num fechar de olhos, com a alma na ponta dos dedos talvez... Ou apenas seguir o próprio pulsar... Quem sabe, de repente, não ultrapassemos determinada linha imaginária, e, em outra dimensão, nos encontraremos...

E tudo real...

Se vês é real?

Mas com o quê? Com qual sentido vives e conheces o mundo, o outro a seu lado? Você?!

Não! O real não é o que vejo... O real é o que sinto e o que sinto sentirem...

E por que tantos fecham os olhos em entrega a um beijo apaixonado? Ou àquele beijo curioso... Sedento de experimentação... Ao beijo esperado, ou inesperado... Beijo sonhado?

E num beijo há tantas sensações e emoção...

Fechamos instintivamente os olhos para sentir o pulsar nele invisível... Tangível...

E o beijo é sempre pelas mãos buscado...

Re/parem!



Peles que se arrepiam e são tateadas... Coração que dispara... pernas que amolecem... Entrega que não se pode com os olhos ver... Enxergar!

Um beijo é um pré/sentimento que traz e busca tanto... E, tateando, as mãos buscam cada arrepio, cada pedaço do outro conhecer com a alma nelas pousada...

E há tanta beleza num beijo que a visão não pode nos mostrar...

E alguns são avassaladores e em tormentas sugam tanto que exigem re/provação... Viciam de tanta emoção...

E são um passo para a pura magia.. Alquimia da sedução... E, pura sede/são!

Certa vez, um beijo me adormeceu... Com um beijo também se mata... Com um beijo fingido as portas são fechadas... E, no entanto, mesmo isolada, o frio se faz na alma, no corpo e no coração que não mais dispara... E diz/para! São um basta às ilusões...

Nada visto, só sentido...

Aprendamos a enceguecer para melhor ver... Enxergar com a alma de/cor intuída...

E um beijo pousa de repente, e o mundo se cala... Enceguecemos... E há tantos sentidos que despertam...

Prestem atenção...

E assim, em outra dimensão, em um beijo que se fez vários... Senti, em meus braços que abraçavam, a falta de asas do anjo que em mim, no tombo caído, pousara...

E o anjo caído... Tinha de ser mesmo por meus braços amparados....

E tão confuso neste mundo tão 'real'... Tanta pureza no olhar... E tantas dores pelas asas arrancadas...

E queria voar!!! Mas neste mundo e sem asas como voaria?

E mesmo sem as asas, pela confusão povoado... Quanta proteção proporcionava...

Um anjo com estrelas no olhar... Com promessas de grande a/mar...

A prova encarnada de que o real é ilusório e que os sonhos são possíveis... Até tangíveis!

Perdido... Perdido e entre/laçado aos braços de uma perdida...

Perdida de tanto voar de um mundo dito real para o dos sonhos sentidos e vividos...

E num beijo de pura emoção... Se encontraram...

Se encantaram!

E de mãos entrelaçadas... Agora voam, mesmo sem asas, a provar que o que se vê não é real...

Que o que se sente é palpável...

E a poesia que se fez em carne fecha os olhos, une os lábios... E tudo faz sentir, tudo é tocado!

E na sinfonia desta emoção, voam mesmo sem direção!


...

sábado, 2 de julho de 2011

real/mente?


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Era uma vez...

Era uma vez, um sonho!

Um sonho acordada...

Acordada?

Talvez não... Como se sabe quando se está acordada?

Mas, sim, talvez fosse um sonho!

A menina que crescera ouvindo contos de fada havia finalmente encontrado seu príncipe...

Mas, não era o príncipe encantado como àqueles que lhe contava os contos; era mesmo real...

Como se sabe o que é real e o que é imaginário?

Bem... Ela se sentia acordada e acreditava ter encontrado seu príncipe!

Fato!

E em seu sonho a ele se entregou...

E na entrega entregara tudo o que lhe era mais caro...

Entregou tanto que um dia acordou sem o próprio amor... Esgotara-se...

Empobrecera...

A menina, que encontrou em um sonho seu príncipe, se viu mendiga...

Saqueada!

Sua alegria também havia sido roubada...

Banhava-se de lágrimas e assim tentava purificar-se...

Exorcizar tanta dor... tanta falta de amor!

E o príncipe mais riquezas acumulava...

E como crescia a cada flecha que no peito da menina atirava!

Ela sangrava...

E ele nobre e valente se orgulhava da pontaria...

Além de muito rico, diante da mendiga, quanto mais enfraquecida a via... Mas, forte se fazia...

Se sentia!

No reino/mundo ninguém mais aceitava a monarquia... E longe da menina era ele quem mendigava...

Mas, riam-se do pobre coitado que chegou a engraxar sapatos com a própria língua para manter os seus reais...

E ganancioso que era...

Ambicioso, pretensioso... Arrogante; queria mais! Queria ser forte, mas não sabia ser!

Tudo o que queria era ter...

Todos riam do pobre coitado...

Açoitado!

Mas, ele... Ele 'sabia' onde poderia ser príncipe! Sabia que a menina com olhos cumpridos a amá-lo o esperava...

Então ele ia a seu encontro...
E de encontro a ela, do mundo nela se vingava!

E quanto mais a pisava... Mais gigantesco se tornava...

Mas, um dia...

Um dia, a menina com um beijo do príncipe que sentia... Adormeceu!

Adormeceu... Adormeceu abraçada a seus sonhos que a beijava e repetia que a amava... Sonho tão sonhado que há muito desbotara...

Despertou...

Olhou em volta e surpresa se viu só...

Então olhou pra si... E se viu e refletiu...

Maltrapilha, sangrando, quase sem forças...

Acordou!

Não era um sonho o que tivera... Tudo não passara de uma quimera!



E o sapo, que a beijou tão ternamente como há muito não fazia, covardemente havia pulado de sua cama enquanto ela ainda adormecia, e, sem se despedir, pulou e a deixou...

Onde está o sapo agora a coaxar? Está onde nunca deixou de estar... Ela inebriada é que não via...

Junto de outros sapos à beira de algum córrego lamacento a sonhar ser príncipe encantado...

A menina agora acordou...

Acordou ensanguentada e por lágrimas povoada...

Mas, acordada!

Como se sabe quando se está realmente acordado?

...

domingo, 26 de junho de 2011

Selinho/carinho...

Recebi esse selo carinhoso da @thati_Vaz , do blog http://petalasdesentimentos.blogspot.com/

E encantada com o carinho o retribuo, dividindo-o com alguns dos tantos amigos que por aqui fiz... Pena que só posso mencionar alguns...
 

De qualquer forma aceitem como um selinho de puro carinho :)




As regras são:
1. Exibir a imagem do prêmio:
2. Postar o link do blog que premiou
3.Publicar as regras.
4. Indicar 10 blogs para receberem.
5. Avisar os indicados.


Agora vou inidcar os meus blogs:

Blog de @max_psycho : http://www.maxpsycho.blogspot.com/
Blog de @_thewell : http://daremdoido.blogspot.com/
Blog de @Delikda
: http://umacombinacaoperfeita.com.br/
Blog da Catia Bosso : http://catiabossopoesias.blogspot.com/
Blog da @KikaChrys : http://kikachris.blogspot.com/
Blog da @Sil_FM : http://jardim-dos-girassois.blogspot.com/
Blog da @tatikielber : http://retratosdaalma.com.br/
Blog da @Lenasim : http://amadeirado.blogspot.com/
Blog de @DitopeloMaldito : http://ditospelomaldito.blogspot.com/ 

Blog de @IsabelaZ09 : http://apenas-isa.blogspot.com/






sábado, 11 de junho de 2011

RESSACA BEIRA A/MAR





Tarde sombria e nebulosa...

Mas, a noite passada já prometia o dia seguinte encoberto...

E entre/cobertas a menia fingia para que não se descobrissem sua saudade in/coberta...

E na quietude que fingia no corpo, a alma gritava dilacerando-o...

Calou-se: engoliu o choro que de seus olhos como rio desaguava de mansinho até seus lábios que gota a gota encontrava-se com a saliva como com o mar em sua boca...

E corpo e alma unidos eram só águas... por mar/aguados...

Os gemidos da alma, que já de ti queria partir, não foram nenhum pelo corpo parido...

Tudo sufocado, estrangulado, trancado...

Só as águas não podiam ser represadas...

Transbordavam!

E as lágrimas que degustava lhe trazia o sal... mas eram doces também...

Havia tantos que a podiam ver e consolá-la...

Mas, não queria consolo, carinhos de outros... Não havia nada fora de si que a pudesse tocar...

Já havia vívido e gritante um amor pela alma pintado...

Este era o doce que o sal adocicava!

E o corpo pela alma se deixou levar... E/levar... Levado e elevado!

Naquela tarde sombria e nebulosa, resolveu que não mais abraçaria em abstrações um amor tão delicado – obra de sua alma que o imaginava e pintava.

Decidida foi à beira-mar... E bem poucos estavam lá...



Estava frio... Muito frio...

O céu bravio respondia com nebulosas escuras às ondas que em ressacas arrebentavam nos rochedos da margem, assim como a alma da menina que sucumbia: agitada, marejada e querendo algo sólido pra se agarrar ou também arrebentar...

E de ímpeto se inspirou... Aspirou as brisas que em ondas sentia...

E tal como o criador original, no vazio que se fazia, com a areia que em seus pés sentia, pôs-se a esculpir, erguendo, dando forma, ao amado que em si vivia...

Também a areia estava úmida e fria...

Fechou os olhos para melhor visualizar a obra que em si sentia, ouvia... E sabia... Jamais esqueceria!

De punhado em punhado... Tudo dedilhado e acariciado... Assim, de areia, esculpiu como homem a estátua de seu amor...

Mas, não havia cor... O que produzira estava cinzento como o dia que a emoldurava...

Contornou os olhos de sua obra à imagem e semelhança do que sentia em sua alma e re/tocou-os para que o olhar estivesse a mirar sorrindo os seus...

Mas havia de serem mais escuros... Assim como as nuvens agora também escureciam...

Diante de ti tinha agora seu amor esculpido...

Mas, ainda faltava tanto... Sobretudo faltava-lhe vida!

E lágrimas brotaram de seus olhos... Vida chovida...

Mas ali diante de si havia mais do que jamais tivera de seu sonho que tanto quisera concretizar...

E de olhos fechados... Docemente o acariciou... Quis lhe dar seu calor...

Quase nem notou... Mas, um caco de vidro cortado e jogado por seus pés foi pisado...

Sangrou!

Encantou-se com a cor... tinta/vida que a seu amado faltou...


E enlouquecida com o caco já nas mãos... Pôs-se se a/riscando... Gota a gota a banhar seu amor!

E sentiu-lhe a vida brotar...

Largou o caco, que cacos nada mais são do que fragmentos de algo que um dia foi... Assim como àquela saudade doída de abraçar o que nunca abarcou...

Abraçou seu amor tingido de rubra cor, e assim nele aninhada... 



Chorou!

O céu de nuvens re/voltadas, de inveja talvez, se fez em bravia tempestade...

E a criatura abraçada a sua amada... Por sal e sangue banhada... Agora, era aos poucos devorada, corroída e intempestivamente pela chuva desmanchada...

E no vazio que a levara até à beira-mar... A doida sofrida se viu de repente ao nada abraçada...

Desmanchou-se em águas também e com a boca colada à areia/chão... Em carne viva e de olhos fechados, por lágrimas vazadas e por sal salpicados... Beijou o que dele restou...




Sal adocicado!

E o mar também se re/voltou!

Ah/mar que sabias tudo de si e de todos que testemunhava há/mar, amando-se!

E como supremo ser sentido... Em gigantesca onda se levantou...



Em reposta à tempestade que insensível assistia tal amor se desmanchar em tantos líquidos derramados; resolveu ele batizar e/ternamente àquele amor...

Inflou-se de ares e brisas e de um só impulso os tragou!

Viu bem o último olhar que ardia da mulher que agradecida entregou-se sem pudores a sua piedade de amor...

Levava os punhos cortados... Porém com areias em punho cerrado...

Seu último olhar antes de pela onda ser abraçada refletia a imagem do ser amado por ela carregado e sabia já como joia rara em colar inseparável, seriam no fundo do mar guardados...


Segredados!

E... Se outras testemunhas houvesse também choveriam...

E por mar/aguados chorariam...

Amor por toda uma vida por salgadas lágrimas banhado agora afagado pelo mar também de águas e sais a batizá-los dando-lhes na morte vida...

Enfim, almas libertas dos corpos que os prendiam,e agora e/ternamente no mar a/mar por toda a vida morrida...

….

sexta-feira, 3 de junho de 2011

POEIRA LÍQUIDA...



"A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos." (Manoel de Barros)

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Sou sombras e escuridão!

Tantas e tantas tontas em mim em confusão... Fusão!

Sou razão, des/razão, loucura e paixões...

Densa, intensa, re/cortes, mosaico malcolado...
Tudo misturado!

Às vezes tateio a alma que sinto... Sinto, toco e choro... chorinho chorado, mas também sorrio e sou/rio!

Ora pântano camuflado... Alma do avesso em que se pode tocar... E tocam, e a fazem vibrar como um instrumento de cordas vibraria.

E me enforco... Sufoco... Grito em silêncios pisoteados... Por pés tocados.

E sou bicho também...

Bicho que do barro veio e lamacenta está! Mas, um dia secarei e pó também serei!

Foi dito e está escrito!

Mal-dito ou bem-dito não importa...

Sou porta aberta... Escancarada; e em mim passeiam anjos, demônios, vivos, mortos, mortos-vivos; vivos-mortos!

Me beliscam, mordem... Me acariciam, beijam... Me comem e cospem!

Às vezes sou digerida outras tantas vomitada... Nunca mais re/visitada... Sonhada, cantada; re/sentida!

Lama... Escuridão!

E sou razão! Então, enfeito tudo com flores, olores, sorrisos, palavras bem-ditas... Borboletas e beija-flores... Beija/dores!

Confusão!

Imaginação... Ilusão... Realização... estagnação...

Ação?!

Mordaça, camisa-de-força; loucura que se mascara, iluminando com escuridão!

E tudo passa... Todos passam e antes me perpassam...

Chaga que caminha... Mas, que se enxágua... Busca a fonte da dita água benta, para lavar-se dos pecados!

Haverá mesmo pecados? Haverá a bem-dita água benta? Algo bento que não seja o nome de tantos Bentos?

Arrebento-me!

Pântano... Sobre ele densa nuvem escura...

Sombra e escuridão!

Não entendo a multidão... Multidão de cidadãos que afundam sem sequer estender as mãos... E se as erguem é pra tentar uma encenação...

Mas, também sou multidão... E há nela uma menina que de olhos espantados, arregalados; chora como sentada diante de grande manada descontrolada vindo em sua direção...

Morrerá por pés tocada? Pisoteada?

E a menina flor do pântano/multidão...

Tão bela, delicada... frágil... Paradoxal!

Paradoxalmente nasceu da escuridão, mas precisa soltar-se de tão lodoso chão...

Iluminação!

És bela, destoa do lugar... Mas, tem em essência a terra deste mesmo estar... Foi de uma certa alquimia que tamanha aberração a produziu... A luz a entenderia... A terra firme talvez não!

E dentre tantas feras... Quimeras!?

Ferida aberta que grita; e a multidão se irrita com os gritos in/ternos da menina... Nem tão terna, mas a terra há de ela também enterrar!

Terras sombrias de imensos vazios lotados!

Mente De/mentes que finge, inventa cores, borboletas, flores e seus respectivos beijas... E tenta e lateja...

E mascarada sorri... in/ternamente só/rio...




Rio lamacento que escorre... Escorre e como ácido corrói!

E a multidão que a habita também grita! E xinga de esbravejar palavrões... Rosna, cisca, estufa o peito... Baba de ódio: explosão!

Implode: sangra e faz sangrar...

E o sangue se faz vinho pra bárbara multidão que em êxtase se embriaga e em orgias brindam o sangue derramado: transubstanciado...

Devaneios, sonhos, delírios... Fantasias, alucinações... Todas brindadas com o vermelho/sangue... Carmim... Vermelho/carne... Degustado no corpo escorrido de intrigante cale/se.

Torpor... Isto/por!

Saciação!

E há tantas guerras em distantes terras... e os distantes delas brindam, brincam com suas coloridas máscaras, que como densas nuvens dissimulam as densas nuvens de fortes tempestades de raios e trovões que se estampariam em crua e nua exposição...

Há guerras distantes, discutidas, planejadas... E as discutimos como grandes eruditos, escondendo nossa própria guerra inusitada... guerrilhas, terrorismos de um povo/polvo que nos habita e já não nos cabe... Não se cala. Não se adapta aos seus...

Não se com/formam... Transbordam sem possibilidade de conciliação...

Oferecer a outra face à multidão que tal multidão ultrapassa? Perpassa?

Fantasmas em pleno clarão...

Alma exposta!

E cada qual com suas almas assombradas de pensamentos vários, que sequer sabem de onde veem... De sua própria população? E esta mesma se atropela, pisoteia; massacra tanta emoção com tanques e canhões...

E de novo as máscaras!

Bombardeados... Massacrados, à beira da rendição, oferecemos flores com sorrisos e com/pressão!

E tudo isto, pra mostrar civilização? Educação? Domesticação? Autocontrole?

Que controle?

Tudo acasos e ocasos...

Hoje, sou sombra e escuridão! Sou fantasma/assombração!

E de minha multidão, alguém aqui fala e escreve... E há tantas bocas a vaiar, tantas vacas de saias a xingar, bêbedos a esbravejar... E tantos outros lacônicos... Melancólicos querendo se matar... De uma ponte se jogar! E há os homicidas que procuram a quem empurrar... Alguns loucos partidos que querem sempre mais partidas e são sempre re/partidos... Outros querem que tudo parta e se façam em partes...

Esquartejados!

E nesta confusão de sangue e terra que se faz lama avermelhada, no centro deste pântano, que um dia há de secar e poeira se tornar... Dentre tantas feras que berram...
 

A flor mais bela...
….

terça-feira, 31 de maio de 2011

Conto um conto...



Alucinação?!


Um sol louco enlouquecia o dia...
Como não sentir a vida pulsar num dia louco de sol à beira mar?

E os olhos do menino ardia... queimava! E ele parecia nem notar... Distante de si a mirar ao lonnnnnge os pássaros a voar, tentando os identificar...

Tão pequenos: menino e pássaros a voar!



E de voo em voo, num esforço sobre-humano, o menino de dentro do homem sentado à beira-mar, voava com os olhos a queimar...

Tão menino era que esquecera, raramente tinha lapsos, do corpo que crescera... Se espichava, ele – o menino – como um belo girassol... E girava e se contorcia como a querer transpor, quem sabe soltar-se das raízes do corpo e, tal Ícaro enfeitiçado pelo brilho pela alma mostrado, voar... voar até não mais aguentar e não mais voltar...

Mas, à beira-mar, uma onda atrevida, de mansinho, maliciosa que era, como água viva, viva como toda a vida, sorrateiramente roçou-o e sem pudores os pés do menino beijou...

O menino que voava, e sequer se lembrava do corpo que o aguardava, rodopiou com o arrepio de amor da onda que o mordiscou...

Caiu-se! E viu-se... E olhou-se!

Baixando o olhar encontrou seu corpo... Estranho, estranhou!

À beira-mar, mirou seu corpo sedento e espantou-se...

Um cala/frio percorreu-lhe... tentou fugir, voar de novo... Não conseguiu! O corpo que gritava já prendera agora sua atenção... latejava emoção!

Cansado do esforço, fechou os olhos e entregou-se àquela sensação...

Sim... Fora uma lambida do mar que o fizera cair em tentação... E descobriu-se o menino que já não era tão menino...

Quantas emoções havia ali há tanto trancadas... E agora como o mar transbordavam!

No escuro, de olhos fechados para o sol que lhe calava os frios, de novo sentiu algo... como um breve e leve sussurrar; quase a roçar-lhe os ouvidos... E suas narinas foram preenchidas de um perfume tão... tão... (não conseguia descrever, há muito não sentia as coisas da carne... mas era bom! Quase podia degustá-lo de tão nítido e denso era tal perfume).

Seria sua imaginação? Estaria ele de novo em outro lugar a voar? Alucinação?!

Seu corpo estremeceu... Teve medo!

Não sabias o que sentias e temia de novo os olhos abrir...

Mas, o menino já não mais controlava o homem que no mesmo corpo habitava... E esse mais forte a pulsar obrigou-o a com ele abrir os olhos e viajar...

Talvez tivesse ficado tempo demais com os olhos fechados... Nada era nítido!

Tudo o que via era uma confusão de cores que parecia em torno de si voar...

  • Mas, Deus, onde estaria? Onde estivera? O que acontecia? Era como uma chuva de primavera! 



Estava confuso, e tantas cores e formas ainda mais o confundiam... E eram tantas... Aos poucos as cores foram tomando forma... E enxergou nelas, asas... Asas de desenhos e cores várias...

De onde teriam vindo? E por que em volta de seu corpo pareciam bailar?

Já não importava entender... Inebriado!

Cores com asas, sol na pele a lhe calar/frios e suaves ondas a acariciar-lhes os pés!

E menino e homem tremiam... Mas, não mais havia lugar para o temor...

Tantas sensações novas... Novas? re/cor/dadas?!

E nada ficava no lugar... Tudo se movia... Sua cabeça girava, seu corpo transpirava, seu coração acelerava... as ondas não paravam e nem as borboletas – cores com asas – pausavam... Já era possível ouvir e sentir o suave voar...

Mas, dentre tantas cores voadoras, eis que uma, dentre tantas, o fitou...

Verdade! Olhou e viu na pequenina borboleta um olhar de gente... gente que entende, como ele entendia... E havia malicia naquele olhar...


O menino envergonhou-se com tal olhar... e pensar... e ruborizou... mas, sorriu... sem querer, sorriu! O sorriso escapou-lhe e até ele espantou-se... Não havia mais ninguém no controle... Seu corpo agora sentia e lhe apresentava as sensações e emoções... Seus olhos ardiam... Mas, agora lágrimas de prazer os lubrificavam...

E a atrevida borboleta, rodeava sua face como a provocá-lo com suas cores... Como faria com bela flor... Encantada, voou alto, o mais que conseguia, talvez para se exibir... ou quem sabe apenas em êxtase enlouquecia...

Voou... Voou... Provocou-o, voltou e pousou!

E viera de tão longe... E de ao longe a muito seguia o perfume de um certo néctar que não conhecia... mas sentia e o buscava...

E agora, ali, diante dela, tão perto, não se continha... Inebriada via-se diante da busca finda!

Assim, bailava em torno do moço, como quem faz um ritual... Como quem no olhar de outrem se encontra e se embriaga de paixões refletidas... rodopiou como nenhuma outra borboleta jamais seria capaz... Seria preciso sentir muito... muito para tanto se desdobrar e praticamente do avesso voar...

E adiou o momento até não mais resistir... Pousou docemente e/ternamente no corpo doce que a atraíra... Pensou em desmaiar... pele macia e orvalhada... e o perfume que tão bem conhecias agora ali e já nela exalava... Tremeu... E trêmula sorveu uma gota de suor... como o orvalho que sentia do primeiro poro que tocou...

E o rapaz cedeu... sentiu cada delicado e leve gesto e o sorver da pequenina borboleta... E sem entender também estremeceu...



A borboleta sabida... BorboletaDeMente... deliciada, já não mais se continha... Sentiu o bem-estar que provocara e queria mais e já sentia que podia...

Atreveu-se mais... e galgou como degrau a degrau poro a poro o corpo que sorvia...

E sorriam!

Foi como a lamber... doce e leve sugar... E de lambida em lambida, de poro em poro, foi assim subindo, escalando, degustando, acariciando o menino, o homem... O sonho! Seu sonho, tantas vezes sonhados e agora encontrado, entregue... E todo seu, saboreado... Já amado!

O sonho que sonhava todo dia, acordada e dormida... o sonho que julgara um dia que talvez fosse só mais uma utopia...

Mas, tanto voara, e tantas vezes exausta pensara em desistir... Tudo esquecido, agora tudo era um só cala/frio!

E tantas dela se riram... Vivia seu sonho a sonhar e buscar... E de tanto dele falar a chamavam borboleta-feiticeira... Riam e diziam que se alcançasse seu sonho, se com sua quimera se encontrasse, no real não estaria... Precisaria de pura magia! E riam...

E sugando e relembrando a busca, o sonho tão sonhado... a borboleta sedenta cada vez mais violentamente sugava sua paixão... e se embriagava... e queria cantar, dançar, voar... Mas, não mais queria, não podia, como vicio, parar de em poro em poro o corpo de seu sonho sugar...

E o corpo/homem e a alma/menino também já não mais estavam em conflito... Com/partilhavam a emoção...

A borboleta atrevida... Num atrevimento ainda maior, sentiu a magia e entendeu que se seu sonho vivia podia mais... podia tudo!

E num ímpeto quis ser gente, ser menina, ser mulher! Atirou-se aos lábios que mirava e num sonho vívido quis beijá-los...

E foi tanto o seu desejo que não sou pousou de susto na boca do menino como também a mordeu... sentiu-o gosto de sangue em sua boca... E confundiu-se também...

  • Meu Deus! Estaria ela dormindo em algum lugar a sonhar!? E, agora tinha medo de seu amor ter ferido... mas foi só um beijo... um mordiscar... Se fosse sonho, preferiria morrer a acordar... Queria mesmo que ele a batesse, como quem espanta um inseto qualquer... Ou talvez na dor a engolisse... Mas, não queria mais voltar...

E no corpo do menino o prazer se fez... O menino de tão amado já queria ser alado e com bela borboleta voar e partir... Sentira igualmente ao homem que entregue nem sequer se espantou... o corpo trêmulo de prazer agora temia... não sabia o que fazia... Queria que a borboleta se tornasse mulher... E queria tocá-la, quem sabe beijá-la...

Estariam em outra dimensão? Seria tudo pura alucinação?

E o homem delirava... fechou os olhos e entregue àquele beijo-mordiscado... com tão doce borboleta trêmula em seus lábios, também não mais resistiu...



De olhos fechados, ainda via as cores que antes voava, não havia escuridão... Entendeu que enlouquecera... Que talvez ali também não estivesse... E ali, neste sonho que vivia podia ele também se declarar... Não resistiu: a borboleta beijou!

Por alguns instantes até parece que o tempo congelou... Em ambos, muitas memórias, como fotografias em suas mentes de/mentes foram se formando... Os corpos formigavam.. latejavam... Parecia um amor de vidas passadas... ou um amor por toda uma vida passado... Sentido, querido, ansiado...
Ninguém notava a confusão no homem à beira-mar, e sequer as borboletas os outros notaram...

….

E a borboleta pequenina, atrevida, feiticeira, menina descarada que voava... Desmaiou! Como flor se despetalou, e o corpo que cheirava flor agora a ela a beijava como flor...

Beija-flor!

No desmaio, de seus lábios sôfregos sem querer se soltou... O menino se assustou e quis salvar tão bela flor que frágil caia, rodopiando e batendo em seu corpo, como se rocha fosse... O homem quis socorrê-la... Não sabia se a ferira... não sabia se vivias... E foi tal a dor de supor-se culpado, que pelo menino foi levado... Voou!

Voou desesperado, como beija-flor de asas aceleradas...

A borboleta... em uma dobra do corpo que beijava, estonteada despertou... Beijou de novo o doce corpo que sonhara, mas já mirava o menino beija-flor a fugir... Voando pra longe dali...

Apressou-se... Voou... Voou... Voou como havia feito a vida toda a procura de seu amor...

E novamente o alcançou...

E numa mesma flor, com olhares combinados, pousaram: borboleta e beija-flor...

E nela, segredaram suas juras de amor... 



E o homem à beira-mar já sentia os olhos arderem tentando ao sol forte registrar ao longe a cena que presenciava...

O menino com quem seu corpo partilhava... soltara-se e feliz beijava a doce flor que voava...

Petrificado...

Agora todos encantados em espanto admiravam... E apontavam: ali naquela flor... Um beija-flor parece beijar, não a flor... Mas, a borboleta... que não há quem possa negar é uma flor que se desprendeu e a voar aprendeu...

E do outro lado do mar... Ah/mar...

Um sol louco enlouquecia o dia...
Como não sentir a vida pulsar num dia louco de sol à beira mar?

E os olhos da menina ardia... queimava! E ela parecia nem notar... Distante de si a mirar ao lonnnnnge os pássaros a voar, tentando os identificar...

Tão pequenos, menina e pássaros a voar!

E de voo em voo, num esforço sobre-humano, a menina de dentro da mulher sentada à beira-mar, voava com os olhos a queimar...

Tão menina era que esquecera, raramente tinha lapsos, do corpo que crescera... Se espichava, ela – a menina – como um belo girassol... E girava e se contorcia como a querer transpor, quem sabe soltar-se das raízes do corpo e, tal Ícaro enfeitiçado pelo brilho pela alma mostrado, voar... voar até não mais aguentar e não mais voltar...

A menina que voava, e sequer se lembrava do corpo que a aguardava, rodopiou com um arrepio de amor...

Sentiu... Um beija-flor a beijou!



Caiu-se! E viu-se... E olhou-se!

Baixando o olhar encontrou seu corpo... Estranho, estranhou!

À beira-mar mirou seu corpo sedento e espantou-se...

Era já uma mulher... estava feliz... o corpo trêmulo com cala/frios...

Então, tudo entendeu...

Voou! A menina também se foi...

E à beira-mar, todos os dias, todos estranham a presença como estátua sorrindo saciada, de um lado de um homem que mira o horizonte, do outro, a mulher que tal como ele, sorri no firmamento...

E no centro... E no horizonte perdido pra muitos, lá os olhares dos dois se cruzam...

Quem olhar, mesmo com os olhos a queimar, verão também: a voarem inseparáveis alma/menino-beija-flor e alma/menina-borboleta... 



Borboleta/atrevida/feiticeira/descarada... De/mente!

Amores platônicos... Quimeras... Utopias?

Alucinações?!